Há quem viva com medo da morte! Há também quem viva a pensar que quando a morte chegar, com ela chega o descanso, um "mundo" melhor. Uns pensam mais nela do que outros. No entanto, é uma fatalidade nunca esquecida, e aguardada por todos. Na peça "Fazer bom uso da morte", o retrato que dela nos é apresentado torna-se perceptível de maneira diferente, para cada espectador.Do meu ponto de vista, há uma enorme critica carregada de sarcasmo, feito às distintas formas de vida. Umas que vivem de acordo com o socialmente correcto, tomando atitudes sedentas de preconceitos e racismos. Outros que vivem no medo de ver a essência oprimida que existe dentro de si, e que grita desesperadamente, por uma oportunidade de viver. Há uma relação intrinseca entre a vida e a morte.
Entre a seriedade e a comédia, a reflexão e o evasivo, esta peça baseada num texto de Pasolini e apresenta-se como alternativa, ao teatro convencional. Não linear, faz com que cada um tire as suas próprias ilações, e no final tente dar resposta ao bom uso que ali é feito da morte.
Ana Rosa Abreu e Daniel Coimbra são os actores que categoricamente interpretam as personagens, contando com um acompanhamento musical extremamente bem concebido, ao longo de quase uma hora e meia de peça.
Até dia 15 de Julho a casa dos dias de água continua a acolher este pequeno fruto, vindo da morte.